PN - Os primeiros novos tratamentos para gonorreia em décadas podem representar uma "virada crucial" nos esforços para combater o aumento de cepas superprotetoras da bactéria, afirmaram pesquisadores.
A gonorreia está em ascensão em todo o mundo , com mais de 82 milhões de infecções anualmente e taxas particularmente elevadas na África e em países da região do Pacífico Ocidental da Organização Mundial da Saúde, que se estende da Mongólia e China à Nova Zelândia. Os casos na Inglaterra atingiram um recorde histórico , e as taxas na Europa foram três vezes maiores em 2023 do que em 2014.
Autoridades de saúde estão preocupadas com o aumento de cepas da bactéria resistentes a medicamentos, tendo a OMS classificado-a como um “ patógeno prioritário ”. Um programa de vigilância da OMS constatou que a resistência aos principais antibióticos usados para tratar a gonorreia, ceftriaxona e cefixima, aumentou drasticamente de 0,8% para 5% e de 1,7% para 11%, respectivamente, entre 2022 e 2024.
A zoliflodacina é um dos dois novos tratamentos para a infecção sexualmente transmissível que receberam aprovação regulatória na última semana.
A Dra. Tereza Kasaeva, diretora do departamento de infecções sexualmente transmissíveis da OMS, afirmou: “A aprovação de novos tratamentos para gonorreia é um desenvolvimento importante e oportuno, considerando o aumento da incidência global, a crescente resistência antimicrobiana e as opções terapêuticas muito limitadas disponíveis atualmente.”
A zoliflodacina, também conhecida pela marca Nuzolvence, foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em 12 de dezembro para o tratamento da gonorreia, uma doença que pode causar sérios problemas de saúde, incluindo infertilidade. Os cientistas esperam que o uso direcionado contra a infecção retarde o desenvolvimento de resistência.
A gepotidacina, um antibiótico desenvolvido pela empresa farmacêutica GSK e também usado para tratar infecções do trato urinário, foi aprovada em 11 de dezembro, após testes demonstrarem sua eficácia contra cepas de gonorreia resistentes a medicamentos.
A zoliflodacina surgiu de uma nova abordagem sem fins lucrativos para o desenvolvimento de antibióticos, na qual a organização sem fins lucrativos Global Antibiotic Research & Development Partnership (GARDP) colaborou com a empresa farmacêutica Innoviva.
A Dra. Manica Balasegaram, diretora executiva da GARDP, afirmou: “Esta aprovação representa uma grande virada no tratamento da gonorreia multirresistente, que até agora vinha superando o desenvolvimento de antibióticos.”
Em resultados publicados na revista Lancet na semana passada, a zoliflodacina curou mais de 90% das infecções por gonorreia genital, equiparando-se ao tratamento padrão atual, que combina dois antibióticos: uma injeção de ceftriaxona seguida de uma dose oral de azitromicina. Não foram relatados problemas graves de segurança.
O ensaio clínico do medicamento, que faz parte de uma nova classe de antibióticos chamada espiropirimidinetrionas, envolveu 930 participantes da Bélgica, Holanda, África do Sul, Tailândia e Estados Unidos.
Nos termos do acordo de parceria, a GARDP tem o direito de registrá-lo e comercializá-lo em todos os países de baixa renda, na maioria dos países de renda média e em vários países de alta renda.
O Dr. Rossaphorn Kittiyaowamarn, investigador principal do ensaio clínico na Tailândia, afirmou: "Como médicos, testemunhamos o impacto devastador que a gonorreia resistente a medicamentos pode ter na vida das pessoas na Tailândia.
Ter um tratamento oral de dose única como este será revolucionário no controle da gonorreia. Isso é essencial para reduzir o impacto da doença nos indivíduos e para prevenir a disseminação global da gonorreia altamente resistente a medicamentos.”
Com informações The Guardian
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