PN - Escolher para o Nobel da paz alguém que está envolvida em golpes contra o proprio país, é muito complexo e desacredita o órgão. O Conselho Norueguês da Paz anunciou nesta sexta-feira (24) que não organizará o tradicional cortejo com tochas por Oslo, capital do país, no dia da entrega do Prêmio Nobel da Paz à venezuelana María Corina Machado.
A decisão, segundo o comunicado divulgado à imprensa, não afeta a condição de Machado como ganhadora do prêmio, concedido pelo Comitê Norueguês do Nobel, órgão independente responsável pela escolha dos laureados.
“Esta é uma decisão difícil, mas necessária”, afirma Eline H. Lorentzen, presidente do conselho. “Temos grande respeito pelo Comitê Nobel e pelo Prêmio Nobel da Paz como instituição, mas, como organização, também devemos ser fiéis aos nossos próprios princípios e ao amplo movimento pela paz que representamos. Estamos ansiosos para celebrar o Prêmio Nobel da Paz novamente nos próximos anos”, afirma.
O conselho informa que a decisão foi tomada após um rigoroso processo de consulta entre as 17 organizações pacifistas que compõem a entidade. O comunicado ressalta que os eventos, incluindo a procissão de tochas, têm sido tradicionalmente uma forma de destacar e celebrar o trabalho que promove a solidariedade, a justiça, a igualdade e a compreensão entre as diferenças culturais e políticas.
“O Conselho Norueguês da Paz continuará seu trabalho pela paz, desarmamento, diálogo e resolução de conflitos por meio de métodos não violentos e espera destacar futuros prêmios da paz que reflitam esses valores”, informa a nota pública.
Apoio ao golpismo
Vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025 e deputada cassada, Maria Corina Machado apoiou golpes e intervenção armada na Venezuela. Em 2024, na disputa presidencial do país, ela esteve por trás da campanha de Edmundo González Urrutia, opositor do Nicolás Maduro. A carreira política de Machado, bem como sua relação com o golpismo, começam muito antes, conforme publicou o Brasil de Fato em uma retrospectiva da carreira da atual líder da extrema direita venezuelana.
Em 2008, Machado apoiou o golpe de Estado relâmpago que derrubou o então presidente Hugo Chávez por 48 horas. Durante aqueles dois dias, ela foi uma das 300 pessoas que assinou o documento antidemocrático conhecido como Decreto Carmona, em referência ao empresário golpista que se autoproclamou presidente.
O documento determinava o fechamento do Congresso, a destituição da Suprema Corte e a suspensão de garantias legais para a população, que não aceitou o golpe e apoiou o retorno de Chávez ao cargo.
Em sua trajetória política, Corina já pediu intervenção estrangeira, chegando a apelar diretamente ao primeiro-minisitro de Israel, Benjamin Netanyahu, responsável pelo genocídio em Gaza, para “libertar” a Venezuela com bombas em nome da “liberdade”. Machado exigiu sanções, essa forma silenciosa de guerra cujos efeitos — como demonstraram estudos publicados na The Lancet e em outros periódicos — mataram mais pessoas do que a própria guerra, ao cortar acesso a remédios, alimentos e energia de populações inteiras.
Em 2010, Machado foi eleita como deputada pelo Estado de Miranda, mas não chegou a terminar o mandato pois foi cassada em 2014, após aceitar um cargo de embaixadora do Panamá na OEA (Organização dos Estados Americanos), violando o artigo 149 da Constituição venezuelana que impede funcionários públicos de aceitar cargos de governos estrangeiros sem a autorização do Parlamento.
Em 2019, a oposição venezuelana liderada por Corina apoiou a autoproclamação de Juan Guaidó como “presidente interino” do país, seguindo a estratégia de “pressão máxima” do primeiro mandato do presidente dos EUA Donald Trump.
As sanções dos EUA contra a indústria petroleira visavam criar caos econômico e político para forçar a saída de Maduro. Maria Corina Machado apoiou Guaidó durante todo o “interinato” e passou a defender abertamente uma “intervenção militar estrangeira” na Venezuela. A estratégia defendida por Corina é similar a adotada pela família Bolsonaro, que por meio de Eduardo Bolsonaro influencia a Casa Branca a lançar ataques comerciais contra o Brasil.
Apesar do histórico da golpista, o Comitê Norueguês do Nobel concedeu a ela o Prêmio Nobel da Paz alegando que a líder da extrema direita venezuelana é um “símbolo da luta democrática”.
Editado por: Camila Salmazio
Com informações BdF
Contribuição para o blog DOE AQUI.
Faça a sua publicidade AQUI.
Segue o canal Planetário Notícias no WhatsApp
O diário proibido de Ana: Amazon
Patrocinadores:
Você terá uma belíssima surpresa, clica no link abaixo:

Comentários