O início da queda da extrema-direita na Argentina: Milei sofre dura derrota nas eleições provinciais de Buenos Aires
PN - O início da queda do fascismo na Argentina.
Peronismo vence com uma margem de 14 pontos e governador Axel Kicillof consolida sua imagem como grande antagonista de Milei no plano nacional.
As eleições legislativas na província de Buenos Aires, realizadas neste domingo (7), tiveram como resultado uma vitória contundente do Fuerza Patria, que ficou quase 14 pontos à frente do La Libertad Avanza (LLA), partido do presidente Javier Milei.
Foram escolhidos 46 deputados e 23 senadores provinciais, em uma disputa considerada crucial para medir a força do governo nacional, e também uma espécie de prévia das eleições de meio de mandato de 26 de outubro.
O peronismo venceu em seis das oito seções eleitorais da província, enquanto os candidatos do LLA prevaleceram apenas em duas. De acordo com o ministro de Governo da província, Carlos Bianco, o Fuerza Patria saiu vitorioso em 99 dos 135 municípios.
Bianco comemorou os resultados em coletiva no Centro de Computação de Monte Grande, destacando a tranquilidade do pleito e a participação de mais de 63% dos eleitores. Para ele, mesmo sendo parciais, os números são praticamente definitivos, já que 82% dos votos haviam sido contados.
A vitória também foi celebrada por Máximo Kirchner, líder do Fuerza Patria, que usou as redes sociais para provocar os libertários. Em referência a um cântico usado pela militância de Milei, ele escreveu: “Vocês pediram para tirar o pinguim da gaveta e lá está ele. Parece que o povo não muda de ideia, carrega as bandeiras de Evita e Perón.”
O "pinguim", no caso, é uma alusão a Néstor Kirchner, ex-presidente da Argentina (2003–2007) e figura central no peronismo. O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof é o maior vitorioso do dia. Ele fará um discurso depois das 22h em um palco montado a um quarteirão da assembleia legislativa provincial, assim que forem conhecidos os resultados oficiais das eleições.
Seu nome se consolida agora como a grande figura nacional em oposição a Milei. "A partir de amanhã, a esperança começará a crescer para a Argentina”, disse Gabriel Katopodis, ministro provincial de Infraestrutura e Obras Públicas, senador eleito pela primeira seção eleitoral.
Reação governista
Do lado governista, o clima foi de tensão no bunker da LLA em Buenos Aires. Assessores de Milei, como Santiago Caputo, e dirigentes locais, como Sebastián Pareja, acompanharam de perto a apuração. Embora tentassem minimizar a derrota, mantinham esperanças de desempenho favorável nas seções onde o governo nacional teve melhor desempenho.
Pouco antes da divulgação oficial dos resultados, líderes do Fuerza Patria, como Cristina Álvarez Rodríguez e Sebastián Galmarini, já falavam em vitória consolidada. Eles agradeceram às lideranças do movimento como Cristina Kirchner, Sergio Massa e Máximo Kirchner e os fiscais eleitorais pelo processo que consideraram exemplar.
Em contrapartida, o coordenador de campanha do LLA, Sebastián Pareja, destacou a mobilização de 45 mil fiscais libertários e denunciou práticas que chamou de “truques da velha política”, como suposto roubo e rasgamento de cédulas.
O que representa a derrota de Javier Milei
A derrota em Buenos Aires foi lida por analistas como um duro revés para Milei, já que é considerada chave para qualquer projeto nacional.
Sozinha, a província concentra cerca de 37% do eleitorado argentino, o que significa que mais de um em cada três votos vêm de lá. Ali são eleitos 70 dos 257 deputados da Câmara e os resultados em Buenos Aires costumam influenciar o clima político nacional, pois indicam qual força política tem maior capacidade de mobilizar massas e articular alianças.
O governador de Santa Fé, Maximiliano Pullaro, aliado do presidente, aproveitou o resultado para criticar a condução do governo. “As pessoas não querem mais gritos, querem fatos. Sem gestão, não há futuro”, afirmou.
Com informações Revista Forum
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