PN - Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro esticaram uma imensa bandeira dos Estados Unidos durante manifestação do 7 de Setembro.
Os líderes do PSB e do PT na Câmara, Pedro Campos (PE) e Lindbergh Farias (RJ), protocolaram nesta segunda-feira (8) uma notícia de fato junto à Polícia Federal, solicitando a abertura de inquérito para investigar a utilização de uma bandeira norte-americana de grandes dimensões durante a manifestação política na Avenida Paulista, no último 7 de setembro.
De acordo com os parlamentares, há indícios de que a mesma bandeira teria sido usada dois dias antes, em 5 de setembro, durante um evento da National Football League (NFL) na Neo Química Arena, em São Paulo. Segundo eles, a coincidência de datas, a similaridade nas proporções e tonalidades, e a complexidade logística do transporte do artefato reforçam a suspeita de reutilização do material.
A representação alerta que qualquer apoio logístico ou cessão de recursos por entidade estrangeira — oficial ou privada, como a NFL — para manifestação política no Brasil configura grave ilícito, pois a Constituição Federal (art. 17) e a Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/1995, art. 28, I e II) vedam o financiamento de partidos por recursos externos.
“Não se trata de um gesto inocente, mas de parte de uma engrenagem de alinhamento da extrema-direita brasileira a interesses estrangeiros, visível no apoio a sanções contra o país, no uso de símbolos como o boné ‘MAGA’ de Donald Trump e nas conexões internacionais do bolsonarismo”, afirmam Campos e Lindbergh.
Os deputados pedem que a Polícia Federal realize perícia das imagens, identifique a origem e o transporte da bandeira, ouça representantes da NFL Brasil e organizadores do ato, e investigue eventual financiamento externo. Caso sejam identificados agentes com foro privilegiado, solicitam que os autos sejam remetidos à Procuradoria-Geral da República, para que o Supremo Tribunal Federal adote as medidas cabíveis.
Os principais pontos da notícia de fato protocolada por Pedro Campos e Lindbergh Farias na PF:
Enquadramento Jurídico Allegado:
Constituição Federal (Art. 17): Veda a subordinação de partidos políticos a entidades ou governos estrangeiros.
Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95, Art. 28): Proíbe expressamente partidos políticos de receberem recursos ou doações de origem estrangeira.
Constituição Federal (Art. 144): Atribui à Polícia Federal a função de apurar infrações que atentem contra a ordem política e social e a soberania nacional, especialmente com envolvimento de entes estrangeiros.
Contexto Político Alegado: A ação enquadra o fato em um padrão de comportamento do que chamam de "extrema-direita brasileira", citando:
Alinhamento a interesses estrangeiros.
Uso de símbolos como o boné "MAGA".
Conexões de políticos (como o deputado Eduardo Bolsonaro) com figuras internacionais como Steve Bannon.
Classificam a exibição da bandeira como um "instrumento de pressão externa" e uma "grave ameaça à democracia brasileira".
Pedidos Concretos à PF:
Solicita a instauração de um inquérito policial com as seguintes diligências:
Coleta e perícia das imagens das bandeiras dos dois eventos.
Identificação da origem, custódia e transporte da bandeira.
Oitiva de representantes da NFL Brasil e dos organizadores do ato político.
Apuração de eventual financiamento ou apoio logístico externo.
Encaminhamento Futuro:
Caso a investigação identifique a participação de autoridades com foro privilegiado (como deputados ou senadores), pede-se que o caso seja remetido imediatamente à Procuradoria-Geral da República (PGR) para as devidas providências perante o Supremo Tribunal Federal (STF).
Uso de bandeiras dos EUA em atos bolsonaristas é criticado nas redes sociais
Os atos bolsonaristas realizados neste domingo (7) contaram com diversas bandeiras dos Estados Unidos sendo exibidas por manifestantes e também vendidas por ambulantes nos locais. Como as manifestações ainda invocaram o "patriotismo", o uso de símbolos estadunidenses foi bastante criticado nas redes sociais por políticos, personalidades e ativistas.
A ministra das Relações Institucionais do governo Lula, Gleisi Hoffmann, postou em seu perfil no X, ex-Twitter, uma publicação ironizando o uso de bandeiras dos Estados Unidos nos atos bolsonaristas realizados neste domingo (7).
"Essa é a nossa diferença com os bolsonaristas: batemos continência para a bandeira brasileira. Exaltamos a bandeira do Brasil, do povo brasileiro", disse a ministra, contrastando imagens das manifestações da direita, com em pleno 7 de setembro os partidários de Jair Bolsonaro carregam, em manifestação por anistia, a bandeira dos EUA, que está impondo um tarifaço e sanções ao Brasil.
Fazem qq coisa pra livrar Bolsonaro das penas que há de merecer. A nossa luta é pelo Brasil, do lado do povo brasileiro."
Também no X, o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede-PE), também alertou para o contraste entre as mobilizações da direita e da esquerda no Brasil.
"De um lado, a bandeira dos EUA e gente defendendo anistia de criminoso. Do outro, o brasileiro de verdade, diverso, que ama o Brasil e defende nossa soberania. O bolsonarismo segue como pet de americano, mas o vira-lata que a gente gosta é o caramelo e o fiapo de manga", postou.
Já a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) falou sobre o que denominou "patriotismo de aluguel. "No 7 de Setembro, enquanto o povo brasileiro hasteia a bandeira do Brasil em defesa da soberania, bolsonaristas estendem a bandeira dos EUA e aplaudem Donald Trump.
Uma afronta, uma indignidade, uma traição ao nosso povo. De um lado, quem luta por um Brasil livre, soberano e justo. Do outro, quem se ajoelha à submissão e sonha com a volta da colônia", disse.
Para o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Uallace Moreira, o uso da bandeira estadunidense representa o "complexo de vira-latas", expressão celebrizada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues para abordar o sentimento de inferioridade de parte dos brasileiros em relação a outros países.
"Manifestação com a Bandeira dos EUA Além da Bandeira dos EUA, mensagem ao lado da bandeira: "USA SOS".. É a síntese perfeita do complexo de vira lata, da subordinação, do anti-nacional. A direita brasileira é anti-nacional, anti-democrática e brega", disse.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ) também abordou o tema. "Olha a diferença. Lula com a bandeira do Brasil defendendo a soberania. Bolsonaristas e a bandeira dos EUA com as tarifas e a sabotagem contra a economia brasileira. Que coisa vergonhosa! Traidores da Pátria. O dia deles é o 4 de Julho", publicou.
Com informações Revista Forum
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