Jovem índio guarani é decapitado ao lado de carta com ameaça à comunidade indígena de terras retomadas no PR
PN - Um jovem indígena Avá Guarani de 21 anos, filho do cacique do Tekoha Yvyju Awary, foi assassinado e decapitado no último sábado (12), na cidade de Guaíra, no oeste do Paraná. O corpo de Everton Lopes Rodrigues foi abandonado em um milharal na entrada da aldeia. Ao lado de sua cabeça, foi encontrada uma carta com ameaças às comunidades indígenas que lutam pela retomada de seus territórios na região.
A carta assinada por “Bonde 06 do N.C.S.O” reproduz discursos veiculados pelo agronegócio e pela imprensa da região, se referindo aos indígenas como paraguaios e vinculando as vítimas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
O povo Avá Guarani do Paraná, alvo de uma série de ataques de pistoleiros desde julho de 2024, quando iniciaram a nova onda de retomada na Terra Indígena (TI) Guasu Guavirá, denuncia a narrativa como xenofóbica. Para eles, o objetivo é criminalizar uma luta legítima pela reocupação de terras tradicionais das quais foram expulsos. Em janeiro deste ano, a comunidade de Yvy Okaju fez uma live de quase uma hora rebatendo uma reportagem da Record que trazia esse conteúdo discriminatório.
A carta deixada ao lado do corpo de Everton diz, ainda, que estão dispostos a “eliminar qualquer um que atravessar o nosso caminho”. “Se vocês não desocupar (sic) as terras recém invadidas, nós vamos matar mais de vocês, iremos invadir as aldeias já existentes, atacaremos os ônibus com vossas crianças dentro, queimaremos vivos. Não é uma ameaça vazia, mas, sim, recheada com ódio”, diz trecho do documento.
Escrita à mão em duas folhas de caderno, a carta afirma que o próximo ataque será contra a Força Nacional, efetivo do governo federal deslocado para a região desde o acirramento do conflito por terra. “Nós avisou (sic) porque nós somos bandido, mas não covarde. Aguarde o próximo capítulo. Vão ter que andar de blindado”.
O clima entre os Avá Guarani é de “muita insegurança e muitas perguntas”, relatou Josiel*, uma das lideranças indígenas. Em estado de choque, aguardam a liberação do corpo de Everton do Instituto Médico Legal (IML). Segundo informação dada aos indígenas, o jovem teria sido morto com arma de fogo. “As investigações têm que acontecer. Durante esses anos de retomadas, temos sido vítimas de milícias contratadas pelo agronegócio. Não entendo porque um grupo de crime organizado faria uma emboscada no meio da madrugada esperando um indígena passar para fazer uma decapitação”, destaca Antônia*, outra liderança Avá Guarani.
“Uma pista relevante é que este recado menciona as retomadas”, destaca Josiel. “Como desestabilizar uma comunidade inteira? Ameaçando ônibus escolar, ataque às aldeias. As mães estão com medo de mandar seus filhos para a escola, trabalhadores e trabalhadoras com medo de sair no meio da madrugada para pegar o ônibus, as comunidades com medo de dormir à noite”, relata.
Com informações BdF
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