Justiça manda o cantor bolsonarista Leonardo devolver R$ 300 mil por show superfaturado


 PN - Show superfaturado em cidade de 8 mil habitantes expõe uso abusivo de verba pública em pleno bolsonarismo sertanejo.

A farra do sertanejo bolsonarista com dinheiro público ganhou um novo capítulo tragicômico. A Justiça de Mato Grosso determinou que o cantor Leonardo — figurinha carimbada do agrocristianismo eleitoral — devolva R$ 300 mil aos cofres da cidade de Gaúcha do Norte, após a constatação de que seu show, bancado com recursos públicos em junho de 2024, foi superfaturado em mais de 60%. O valor pago pelo espetáculo, de R$ 750 mil, destoa violentamente da média cobrada pelo artista em apresentações públicas no mesmo estado.

Sertanejo raiz, superfaturamento Nutella

Com pouco mais de 8,6 mil habitantes, o município não viu problema algum em rasgar dinheiro público para bancar o espetáculo kitsch do cantor bolsonarista durante a 13ª Feira Cultural local, realizada em 1º de junho de 2024. À época, o Ministério Público Estadual (MPE) já havia alertado para a aberração do contrato, que ignorou completamente as regras de inexigibilidade de licitação e se baseou em justificativas genéricas — como notas fiscais de shows antigos — para tentar camuflar a farra.

Apesar de uma liminar do MPE ter suspendido a apresentação dois meses antes, a prefeitura recorreu e venceu. O show aconteceu. Agora, a ressaca jurídica chegou, e a conta, como sempre, sobra para o povo. 

Segundo o MPE, os valores pagos ao artista entre 2022 e 2023 no estado oscilaram entre R$ 380 mil e R$ 550 mil. Pagar R$ 750 mil sem explicação plausível configura, na prática, um assalto legalizado. A empresa Talismã Administradora de Shows, responsável pela contratação, também foi acionada pela Justiça, junto com o então prefeito Volney Rodrigues Goulart, do grupo político que governava a cidade na época. A atual administração tenta se desvencilhar da lambança, alegando que o contrato foi assinado pela gestão anterior. Mas o desgaste já está feito, e o nome da cidade foi atrelado a um dos casos mais gritantes de desvio de verba por meio de cultura-festiva-eleitoreira.

Bolsonarismo, sertanejo e dinheiro público: trio inseparável

A crise não é isolada. O caso expõe mais uma vez a rede de shows milionários com viés ideológico, promovidos sob o guarda-chuva do bolsonarismo-populista, que usa artistas alinhados para converter palcos em palanques. Leonardo, assim como Gusttavo Lima, já foi citado em outras investigações envolvendo uso de dinheiro público para inflar contratos em cidades pequenas — geralmente sem transparência e sem retorno social.

A presença de Leonardo ao lado de Jair Bolsonaro e outros expoentes da extrema direita durante a campanha de 2022 não é coincidência: trata-se de uma engrenagem em que música, política e dinheiro público se misturam com o mesmo cinismo com que se ignora a fome, o desmatamento ou a falta de saneamento básico nas cidades que bancam seus cachês.

 A sentença publicada em 28 de maio de 2025 anula o contrato firmado entre a prefeitura e a empresa Talismã, obriga a devolução de R$ 300 mil e reconhece o dano ao erário. Ainda que parte da grana volte, o espetáculo foi feito, a propaganda foi feita e a conta ficou.

 O Brasil tem sido laboratório de um tipo de corrupção “festiva”, que se esconde sob o manto da “valorização cultural” enquanto drena recursos de municípios carentes. Em vez de escolas, shows. Em vez de hospitais, camarotes. E quem reclama vira “inimigo da cultura”. O bolsonarismo, que tanto vocifera contra “mamatas”, é mestre em criar as suas.

Farra financiada com vaia popular

A decisão judicial é um respiro num cenário em que a impunidade dos contratos artísticos viciados vem sendo naturalizada. A multiplicação de cidades pequenas que torram verbas públicas para bancar astros de gosto duvidoso e discurso reacionário revela não só um problema de gestão, mas uma cultura política de desvio consentido, em que a arte é usada como escudo e moeda.

Leonardo, agora, terá que devolver parte da bolada. Mas o estrago político — e cultural — já está feito. Em um país com milhares de artistas locais passando fome de oportunidade, o palco continua sendo ocupado por um sertanejo bancado com o nosso suor.

Com informações Diário Carioca


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