Leia o livro grátis: O Sopro do vento - Confins do desejo. De Andreia Camargo

ADVN - Todas as quartas-feira iremos publicar um capitulo do livro "O Sopro do Vento" com a permissão da autora Andreia Camargo.
 Porem só iremos continuar publicando se em cada capítulo tiver no mínimo três comentários. Espero que vocês gostem desse romance e não esqueçam de deixar a sua opinião nos comentários.

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"O SOPRO DO VENTO - CONFINS DO DESEJO"


Prefácio:

Em 1726, o Brasil uma colônia Portuguesa, governado pelo vice-rei de Portugal, Conde de Sabugosa, Vasco Fernandes César de Menezes.

Na fazenda “O sopro do vento”, no Rio de Janeiro, de propriedade do Barão Rodolfo de Pinheiros, tudo estava para acontecer após a chegada de sua sobrinha, a jovem Vitoria, de vinte anos, que só poderá receber a herança de sua mãe, falecida por uma doença fatídica, depois que complete vinte e cinco anos. Nesse período de espera, quem irá administrar toda sua fortuna será seu tio, o Barão de Pinheiros. Tudo se transforma quando a jovem é violada pelo próprio primo Felipe. A jovem Vitoria foi oferecida ao primo em matrimônio pelo tio para limpar sua honra, mas se apaixona pelo escravo Tonho, que se torna seu amante arriscando a própria vida com essa relação.

Na senzala, a escrava Moema se torna Marquesa de Casa Verde e faz escândalos na cidade.

A esposa do Barão de Pinheiros, Baronesa Elvira, é assassinada no salão da casa grande e os suspeitos eram a criadagem. Ninguém poderia imaginar que o assassino fosse alguém próximo à Baronesa.

Na senzala uma grande revolta dos escravos faz toda a plantação do canavial ser queimada. O Barão de Pinheiros perde toda fortuna, levando-o ao desespero.

Vinganças, paixões, amores perdidos e muitas emoções neste romance.

O sopro do vento – Nos confins do desejo.



Capitulo Primeiro 


Brasil do século XVIII. O século das luzes na Europa...

A carroça tinha acabado de chegar à entrada do casarão da grandiosa fazenda “Sopro do Vento”, no Rio de janeiro, de propriedade do senhor Rodolfo, o Barão de Pinheiros, um homem de trinta e oito anos, patriarca de uma família tradicional. O cocheiro Matias, conduzia duas mulheres: a bela Vitoria, de estatura alta, magra, olhos profundos, cabelos longos negros, presos no alto da cabeça, de cor branca, vinte anos e sua dama de companhia, Sofia de quarenta e seis anos, também de cor branca. Naquele período, contava muito a cor da pele. As pessoas que não fossem brancas eram hostilizadas, com grande abominação.

Vitoria era filha única. Sua genitora era irmã do Barão de Pinheiros e tinha acabado de falecer de tuberculose, deixando uma grande fortuna a ser administrada. Com medo que a filha não soubesse cuidar do patrimônio da família, antes de morrer, pede que seu amado irmão ajude sua filha a cuidar de seus bens, deixando no testamento, que Vitoria só poderá herdar toda riqueza, casas, lojas, fazendas, após os vinte e cinco anos e nesse período, seu tio o Barão de Pinheiros irá administrar todo patrimônio. Por essa razão Vitoria está indo morar na fazenda do tio, durante um período de cinco anos, para atender o desejo da mãe e completando a idade estipulada estará apta a cumprir o testamento de sua falecida mãe.

Sofia ajuda Vitoria a arrumar o grande vestido rodado ao descer da carruagem. O mordomo era um senhor negro, de uns quarenta anos, que veio recebê-la, vestido em um impecável terno, com luvas brancas, abre a grande porta de entrada do casarão e gentilmente diz:

_ Seja bem vinda sinhazinha! Eu me chamo Epaminondas, um servo ao seu dispor.

Vitoria como toda moça rebelde da época balança a cabeça positivamente, confirmando que entende. Gritando como uma desvairada pergunta:

_ Onde está o meu tio? Eu quase fui retirada a força de minha casa para vir para esta fazenda com minha dama de companhia, Sofia. Isto não se faz! Eu estava muito bem em minha casa.

Naquele instante aparece o tio, um belíssimo homem, que ao ver sua sobrinha gritar, se altera elegantemente, corrigindo os modos da moça:

_ Você não teve educação, minha cara sobrinha? Não creio que minha irmã não tenha lhe ensinado bons modos. Acredito que você frequentou alguns salões da corte, onde as moças são comportadas. Não se pode entrar na casa de alguém aos berros como você fez.

Vitoria se acalma e pede desculpas ao tio:

_ Perdoe meus modos, tio! Deve ser por causa da longa viagem que fizemos, nós estamos mortas de cansaço! Por favor, tio! Não poderia continuar vivendo na casa onde fui criada? Por que eu tenho que vir morar com o senhor?

O tio Rodolfo, Barão de Pinheiros, elegantemente vestido para a época, com o corpo ereto, responde sua sobrinha:

_ Minha cara sobrinha! Foi desejo de sua adorada genitora que você viesse viver aqui na fazenda por estes cinco anos, período que eu tentarei ensiná-la como cuidar de seus bens materiais. No testamento está escrito que você somente poderá herdar a sua fortuna após os vinte e cinco anos.

Vitoria com os olhos caídos de cansaço, em um fio de voz retruca:

_ Tio, se mamãe achava que era preciso eu viver com o senhor esses cinco anos para receber minha herança, então faremos a sua última vontade, mesmo não entendendo o porquê desta decisão.

 O tio se aproxima da sobrinha, fixa nos seus olhos seu olhar, como se quisesse deixar claro que quem mandava naquela casa era ele e comenta com a voz decisiva:

_ Vitoria, a vontade de sua genitora é incontestável. Caso você não esteja de acordo, irá perder todos os direitos de receber sua herança, portanto tenha paciência e aceite com determinação à última vontade de minha amada irmã. Agora pode ir para os seus aposentos. Epaminondas irá acompanhá-las até os vossos quartos, na ala superior da casa.

Vitoria, com um olhar rebelde deixa-se vencer pelo cansaço da viagem e Sofia, sua dama de companhia diz:

_ Obrigada pela hospitalidade, senhor Barão! Tenho certeza que amanhã a sinhazinha Vitoria estará repousada e entenderá a situação.

 Rodolfo agradece a Sofia:

_ Muito obrigado Sofia! Eu já hospedei você com minha finada irmã outras vezes, quando Vitoria era ainda uma tênue criança. Eu conheço a sua postura e a sua elegância como dama de companhia. Você sempre foi fiel à família de minha irmã e esteve ao seu lado quando Vitoria perdeu seu pai há alguns anos atrás. Faça como se fosse sua casa e bom descanso às duas.

 Vitoria e Sofia sobem as escadas que levavam ao segundo andar da casa onde se encontravam os quartos. O mordomo Epaminondas carrega as malas da sobrinha do Barão de Pinheiros, acompanha Vitoria até o seu quarto, deixa as malas na entrada da porta. Depois leva a dama de companhia ao seu quarto que ficava na parte inferior, próxima à cozinha, onde dormiam os escravos. Sofia agradece e segue imediatamente ao quarto de sua patroa para ver se ela precisava de alguma coisa. Era costume a dama de companhia ajudar a patroa a se despir:

_ Sinhazinha Vitoria, vim ajudá-la a despir-se!

 Vitoria agradece e comenta com sua dama de companhia sobre o tio:

_ Sofia, titio não é tão velho como eu imaginava! É um belo homem, ainda jovem.  Pergunto-me onde está sua família, mulher, filhos, já que mamãe dizia que ele tinha uma belíssima família.

 Sofia escutava sua patroa, enquanto a ajudava a despir-se. Depois a vestiu com sua camisola e comentou:

_ Sinhazinha Vitoria! Eu lembro que estivemos nessa fazenda com sua mãe várias vezes, você ainda era muito pequena. Seu tio e sua esposa a senhora Elvira e seus dois filhos homens, eram muito gentis com sua genitora. Penso que a sua tia deve estar em alguma parte da propriedade, visto que nós estamos numa fazenda, em um local muito grande, como uma cidade. Eu não sei se você sabe sinhazinha, mas o seu tio tem duzentos escravos, entre homens e mulheres e é considerado e bem visto na corte do Rei.

 Vitoria curiosa, continua a indagar sobre a esposa do tio:

_ Eu não me lembro de minha tia nem dos meus primos, mas será que ela continua essa mulher gentil que você descreveu Sofia?

 Sofia termina de vestir a sua patroa que estava ansiosa para conhecer os primos e a tia:

_ Sinhazinha Vitoria não creio que sua tia tenha mudado o caráter e quanto aos seus primos, eles devem ser dois rapazes belíssimos, mais ou menos da sua idade, porque quando aqui viemos em visita à última vez, você tinha apenas três anos. Eu retornei algumas vezes a serviço de sua finada genitora. Sinhazinha agora tente dormir. Amanhã terás muitas emoções para viver com os seus familiares.

Vitoria concorda com sua dama de companhia, coloca-se para dormir numa grande cama, em um colchão de pena de ganso. A mobília do quarto era elegante para o período. Nos pés da cama tinha um delicioso sofá de três lugares, com uma banheira dentro do quarto, onde os empregados traziam água quente para os patrões quando fossem tomar banho. Numa outra parte, um grande espelho e no canto do espelho estava um grande vaso rústico, de cimento com algumas ornamentações enfeitando o quarto. Em volta de toda cama, um grande véu protegia dos insetos quem estivesse dormindo. Sofia se retira para os seus aposentos, na parte inferior, próximo ao quarto dos escravos, onde dormiam doze pessoas, entre homens e mulheres que trabalhavam na casa grande.

 No pequeno quarto de Sofia, tinha uma talha de barro cheia de água, para ela beber caso sentisse sede durante a noite e uma pequena cama de solteiro, com um colchão de palha seca.

                                     ...

 Na manhã seguinte estavam reunidos na grande sala das refeições, onde se podia ver uma grande mesa em que todos estavam sentados: a esposa, os dois filhos, Sofia e Vitoria que cumprimenta a todos:

_ Bom dia! Tia Elvira, ontem quando cheguei à senhora não estava!

Tia Elvira é uma jovem mulher de trinta e seis anos, esposa do seu tio Rodolfo, o Barão de Pinheiros. Elegantemente vestida e com uma postura aristocrata, Elvira é de uma família de nobres e ricos. Com um olhar imponente ela responde sua sobrinha:

_ Vitoria querida! Realmente não vi a sua chegada. Seja bem-vinda, sobrinha. Espero que sua permanência seja de muito agrado entre nós.

 Os filhos de Elvira, Felipe e Gustavo estavam felizes em ter a presença da prima. Felipe era o mais velho de vinte anos e Gustavo o filho caçula com dezenove anos. Elvira tivera seu primeiro filho com apenas dezesseis anos.

Felipe sempre fora um rapaz divertido e esportivo, ao contrário de Gustavo, que era tímido, introspectivo e voltado para a arte. Felipe com um sorriso contagiante diz a sua prima:

_ Querida prima, é muito bom tê-la entre nós! Tenho certeza que iremos nos divertir muitíssimo! Após o café gostaria de lhe mostrar a fazenda, se meus genitores assim o permitirem.

 O Barão Rodolfo responde o filho:

_ Fique a vontade Felipe! Acompanhe Vitoria pela fazenda e você Gustavo não diz nada para sua prima?

 Gustavo abaixa os olhos e timidamente responde:

_ Seja bem vinda prima! É um grande prazer tê-la entre nós.

 Vitoria agradece e pergunta entusiasmada sobre as notícias de Lisboa e de Paris:

_ Tia Elvira eu soube que a senhora viaja muito! Conte-me algumas notícias de Lisboa ou de Paris!

 Elvira sempre com uma pose impecável, responde a sobrinha:

_ Primeiro de tudo, pode parar de chamar-me de senhora, afinal não sou tão velha assim e sobre Lisboa na corte a última novidade é a moda que veio de Londres: vestidos de seda, elegantíssimos, que deixariam qualquer jovem de bom gosto como você, sonhar. Em Paris, o rei Luís XV de França vai ser pai, sua esposa parece que está em estado interessante.

 Vitoria entusiasmada com aquela notícia se aprofunda:

_ Eu soube que ele casou com apenas quinze anos tia, depois de um ano de casamento conseguiu engravidar a esposa? Mas não falaram que ele não poderia ter filhos?

 Elvira entusiasmada com o interesse da sobrinha diz:

_ Tanto não é verdade, que sua esposa está grávida e dizem que devem ser gêmeos. O rei até deixou uma declaração para quem estava difamando a sua honra: "Foi-me dito que eu não podia ter filhos, pois bem: dei um golpe duplo"!

 O Barão Rodolfo intervém:

_ Minha cara esposa, parece que as senhoras de hoje não se envergonham mais em falar de um assunto tão delicado na frente de cavalheiros.

Elvira sorrindo, olha diretamente sua sobrinha Vitoria:_ Caro senhor meu marido, desde quando falar de filhos ou de gravidez deve ser uma vergonha? Os homens criam tabu em tudo.

 O filho Felipe defende a mãe:

_ Senhor meu pai, acredito que falar de gravidez não deveria ser uma coisa do outro mundo. Estamos no século XVIII, o senhor poderia parar com essas ideias conservadoras.

 O Barão Rodolfo pede ao filho mais novo que o defenda:

_ Gustavo meu filho, defenda seu pai! Ou deverei ter que me ver sozinho nesta discussão?

 Gustavo timidamente responde:

_ Senhor meu pai! Creio que o senhor tem toda razão: diálogos como estes que falam da intimidade de um casal, deveriam ser restritos a quatro paredes.

 O Barão Rodolfo deixa transparecer um pequeno sorriso, ao escutar a opinião de seu filho em sua defesa:

_ Vejo que nessa casa tem alguém que raciocina como eu! Muito bem, meu caro Gustavo!

 Felipe interrompe o pai:

_ Senhor meu pai! Estamos na era moderna. Fique sabendo que o senhor deveria abrir mais a sua mente para as inovações que acontecem com o tempo. Andei ouvindo que em Liverpool, capital do comércio transatlântico de escravos, algumas pessoas falam que em breve eles serão libertos e protegidos pelas nossas próprias leis. Mais ainda: serão considerados iguais aos brancos.

 O pai coça a cabeça e responde ao filho mais velho:

_ Eu sou contra torturar e maltratar os escravos, mas considerá-los iguais aos brancos é uma ofensa! É como acreditar que somos parecidos com os chimpanzés. Não acredito que essas ideias irão muito longe. Os interesses dos grandes senhores de terras não deixarão isso acontecer. É uma quimera! Além do mais as roupas, armas de fogo, munições e ferro chegam com preços relativamente baixos no burburinho do comércio local. Em suma, os mercadores de Liverpool baixaram custos, são bem mais rápidos e mais flexíveis. Eles estreitaram relações com os vendedores de escravos do Oeste da África. Aproveitaram-se dessa proximidade, para providenciar todos os produtos almejados por seus parceiros comerciais.

 Elvira intervém, fixando sua sobrinha Vitoria:

_ Viu sobrinha Vitoria! Em pleno ano de 1726 estamos aqui discutindo sobre libertar ou não os escravos. O que você acha sobre isso?

 Vitoria entristece e responde:

_ Eu sou a favor de libertá-los. Eu os vejo como seres iguais aos brancos, apenas com cor diferente. Eles sentem dor, fome, choram. Tudo que sentimos, eles sentem.

 Felipe interrompe:

_ O cachorro chora e sente fome, nem por isso é considerado um ser humano prima._ Finalizou sua opinião com uma sutil gargalhada, depois convida Vitoria para irem fazer a visita pela fazenda:

_ Vamos prima! Já está ficando tarde. Quero mostrar tudo da nossa fazenda.

 Os dois pedem permissão para se levantarem da mesa e o Barão Rodolfo consente que os dois fossem explorar a fazenda. Elvira comenta com o marido:

_ Senhor meu marido! Irei deitar-me um pouco. Eu estou com uma enorme enxaqueca depois dessa conversa abolicionista.

 O Barão se levanta, em forma de cavalheirismo e afasta a cadeira da esposa respondendo:

_ Fique a vontade, senhora minha esposa! Eu irei verificar o trabalho escravo em nossas plantações de cana-de-açúcar.

 Gustavo pede permissão ao pai e se retira da mesa. Sofia se dirige a cozinha para ver se precisam de sua ajuda. Quando chega, se depara com a escrava Catarina falando de sua pessoa. Sofia continuou escondida, escutando sem que se deixasse descobrir:

_ Senhora Benedita, essa Sofia é muito abusada! Sentou-se à mesa dos patrões como se não fosse empregada.

 A cozinheira Benedita é uma senhora que está servindo a família do Barão desde criança. Ajudou a fazer o parto dos dois filhos do barão, tem sessenta e cinco anos. Ao ouvir o que a jovem negra, de apenas dezenove anos diz, chama-lhe a atenção: _ Catarina você é muito abusada! O que você tem que fuxicar a vida das pessoas? Eu não sei por que o barão deu essa regalia para você vir trabalhar na cozinha!  Outra coisa, minha filha, a senhora Sofia serve a família da sinhazinha Vitoria há muitos anos. Ela é branca como eles.  Não se meta com ela, porque como você sabe a corda arrebenta sempre para o lado dos negros.

 Catarina com um ar de petulância, responde à senhora Benedita:

_ Dona Benedita, a senhora às vezes parece que é ingênua: então não sabe que tem vozes por ai dizendo que ela é mestiça? Parece que ela era filha do avô da sinhazinha Vitoria com uma negra escrava. Na verdade ela é a tia bastarda dessa sinhazinha Vitoria.

 Senhora Benedita preocupada, interrompe Catarina, chamando a atenção dela com esses comentários:_ Minha filha tome juízo! Isso são coisas que você diga? Cuidado com a sua língua! Qualquer hora dessa ela poderá lhe fazer mal! Vá cuidar do seu trabalho, descasque as batatas e fique com a língua dentro da boca.

 Naquele momento, Sofia finge tossir e entra na cozinha:

_ Bom dia senhora Benedita! Poderia pegar um pouco de água para beber? Estou um pouco mal da garganta. Deve ter sido por causa da viagem que fiz com a sinhazinha Vitoria.

 Senhora Benedita serve imediatamente a dama de companhia de Vitoria:

_ Pois não minha filha, como você está?

 Sofia agradece e responde:

_ Muito obrigada, senhora Benedita! Eu vou muito bem, com os afazeres de minha patroa, mas nada de particular. Vejo que depois da última vez que estive aqui na fazenda você ganhou uma ajudante nova. Se não me engano, foi há uns dez anos atrás?

 Dona Benedita concorda com Sofia:

_ Isso mesmo, senhora Sofia! Dez anos atrás. Essa é a Catarina. É nova por aqui, ajudante de cozinha.

 Catarina olha para Sofia entre os olhos e responde em voz baixa:

_ Muito prazer senhora Sofia, as suas ordens!

 Sofia sorrindo, retruca:

_ O prazer é todo meu, Catarina. Se precisar de alguma coisa, conte comigo. Aliás, depois as duas, quando tiverem um tempinho venham em meu quarto que eu tenho algumas roupinhas que eu não uso mais para dar-lhes de presente.

 Dona Benedita agradece sorrindo:_ Muito gentil de sua parte. Eu agradeço dona Sofia! Assim que terminar os afazeres, irei procurá-la sim!

 Catarina sempre de cabeça baixo responde que sim. Sofia retira-se da cozinha e vai arrumar o quarto de sua patroa, a sinhazinha Vitoria. Após sua saída, Catarina balbucia algumas palavras:

_ Agora a senhora veja só! Essa escrava de pele branca, querendo nos presentear com roupas usadas, que ela não usa mais. Que mulher nojenta e petulante.

 Senhora Benedita arregala os olhos:

_ Meu Deus! Como você é desaforada! Cale sua boca Catarina e descasque estas batatas...


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