Um belga tornou-se a primeira vítima de uma superbactéria resistente a medicamentos, originária no sul da Ásia, reforçando o temor de que possa se espalhar por todo o mundo após infectar dezenas de pessoas na Grã-Bretanha e na Austrália.
A vítima foi infectada pela bactéria quando era tratada no Paquistão e morreu em junho, disse na sexta-feira um médico do hospital de Bruxelas onde recebeu tratamento.
"Ele se envolveu em um acidente de carro, durante uma viagem para o Paquistão. Foi hospitalizado com um grande ferimento na perna e, então, foi repatriado para a Bélgica, já infectado", contou o médico.
Apesar de ter sido tratado com colistosina, um poderoso antibiótico, o paciente faleceu, acrescentou.
"O epicentro da presença desta bactéria parece ser a Índia e o Paquistão, mas aparentemente devido ao contato e às viagens, sua disseminação está se alastrando", explicou à AFP Youri Glupczynski, bacteriologista da Universidade de Leuven.
A superbactéria - encontrada em bactéria contendo o gene Nova Délhi metalo-lactamase-1 (NDM-1) - foi inicialmente identificada no ano passado em um paciente sueco que deu entrada em um hospital indiano.
Segundo a revista médica britânica The Lancet relatou esta semana que a bactéria contendo o gene NDM-1 tinha sido encontrada em 37 britânicos, que recebeu tratamento médico no sul da Ásia.
O relatório, segundo o qual turistas que visitam o Sul da Ásia para realizar tratamentos de saúde correm o risco de contrair a infecção e que alertou que a superbactéria poderia se espalhar, causou respostas furiosas da Índia.
"Vincular isto (a superbactéria) à segurança da cirurgia em hospitais da Índia, citando exemplos isolados para demonstrar que a Índia não é um lugar seguro, é errado", afirmou o ministério da Saúde em um comunicado publicado nesta sexta-feira.
No entanto, também foi divulgado nesta sexta-feira que uma equipe de cientistas indianos alertaram sobre a superbactéria em março.
A superbactéria se espalhou para a Austrália, onde infectou três pessoas que viajaram para a Índia para uma cirurgia.
O professor Peter Collignon, chefe do departamento de doenças infecciosas do Hospital de Canberra, disse que os casos - inclusive o de um paciente que fez cirurgia plástica em Mumbai - eram apenas a "ponta do iceberg".
"É provável que haja mais (casos) porque o que estamos vendo nos hospitais é apenas a ponta do iceberg"
"Possivelmente está matando muitas pessoas, mas está acontecendo no mundo em desenvolvimento e não há forma de medir isto"
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