Uma equipa de Operações Especiais do Subagrupamento Bravo da GNR deteve ontem, em flagrante, três jovens que estavam a pilhar um armazém de equipamentos do governo em Balide, um dos bairros de Díli.
As detenções causaram o primeiro ‘embate’ de competências entre portugueses e australianos. Fontes governamentais citadas pela agência Lusa davam conta de que o executivo de José Sócrates confinou de imediato o contingente luso ao seu quartel improvisado em Díli. Um porta-voz do Ministério da Administração Interna disse ao Correio da Manhã, que “o Governo está a avaliar a situação”. O incidente ter-se-á iniciado precisamente com a actuação de elementos do Subagrupamento Bravo na manhã de ontem. Segundo explicou ao Correio da Manhã o comandante do Subagrupamento Bravo, capitão Gonçalo Carvalho, os três detidos, todos de 16 anos, faziam parte de um grupo de dez jovens que conseguiu cortar uma rede e introduzir-se no armazém. No entanto, os ‘invasores’ foram detectados por vigilantes do espaço que alertaram membros do governo – que chamaram a GNR. “Assim que fomos contactados, pelas 10h00, saímos imediatamente para o local com a equipa de operações especiais”, referiu o português. Os militares da GNR transportaram então os detidos para o centro de detenção temporária, guardado pelas tropas australianas mas estas negaram-se a recebê-los, questionando a legitimidade da GNR para proceder às detenções. De acordo com uma fonte oficial, o Governo português decidiu suspender as negociações técnicas no terreno sobre a actuação da GNR e as formas de coordenação com outras polícias e militares australianos. Ontem à noite (madrugada em Díli) decorriam negociações urgentes em Nova Iorque. A mesma fonte confirmou que poderá estar em causa a permanência da GNR em Díli, mas o CM sabe que a indicação oficial emitida para Díli foi a de que tudo seja feito para que a missão prossiga tal como estava delineada. RAMOS-HORTA QUER CHEFIAR GOVERNOO ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa de Timor-Leste, José Ramos-Horta, mostrou-se disponível para suceder a Mari Alkatiri, se o líder da Fretilin deixar de chefiar o governo.“Na hipótese de que o primeiro-ministro resigne, desde que seja feito num quadro constitucional e democrático, obviamente aceitarei qualquer responsabilidade, afirmou Ramos-Horta em declarações à Rádio Renascença.Refira-se que o nome de Ramos-Horta é cada vez mais falado para o cargo de primeiro-ministro, com muitos timorenses a acreditar que seria o único homem capaz de apaziguar os ânimos e pôr termo a esta crise. Aliás, o líder dos militares rebeldes, major Alfredo Reinado, afirmou ontem que está disposto a negociar, mas apenas com o presidente Xanana Gusmão ou com o ministro Ramos-Horta, então com a Igreja Católica. MINISTRO DOWNER IRRITA DÍLICamberra e Díli já estão em rota de colisão. Com efeito, a questão da detenção de suspeitos está a causar tensão entre os governos dos dois países, com a Austrália a defender alterações na legislação de Timor-Leste e as autoridades timorenses a rejeitarem liminarmente tal proposta.O ministro dos Negócios Estrangeiros australiano, Alexander Downer, abriu as hostilidades ao afirmar que o Parlamento timorense “tem de mudar a lei” de modo a permitir que polícias internacionais detenham suspeitos de violência. Ana Pessoa, ministra de Estado e da Administração Estatal, reagiu com indignação: “Ele não conhece a lei em Timor-Leste nem sabe que a lei não se muda assim (...).”As autoridades timorenses insistem que a lei em vigor em Timor já prevê o enquadramento para a detenção e tratamento de suspeitos e salientam que a opção é a de firmar protocolos técnicos .Segundo fontes judiciais, este diferendo deve-se ao facto de o acordo que gere a entrada das forças internacionais em Díli ser vago em alguns aspectos e ainda às diferenças entre o sistema legislativo timorense e o anglo-saxónico.
Correio da Manhã online
Ricardo Marques, enviado especial em Díli, com Lusa
Comentário: É de facto lamentável, que um pequeno país como Timor, com uma jovem Democracia, e que tanto sofreu com a ocupação pela Indonésia, não saiba agora preservar e estimar um bem tão precioso com a Liberdade, envolvendo-se em lutar estéreis, em vez de canalizar todas as forças, para a recuperação e reconstrução do país, que como sabemos apesar de pequeno, até possui excelentes recursos naturais, que podem ajudar no sucesso.
As detenções causaram o primeiro ‘embate’ de competências entre portugueses e australianos. Fontes governamentais citadas pela agência Lusa davam conta de que o executivo de José Sócrates confinou de imediato o contingente luso ao seu quartel improvisado em Díli. Um porta-voz do Ministério da Administração Interna disse ao Correio da Manhã, que “o Governo está a avaliar a situação”. O incidente ter-se-á iniciado precisamente com a actuação de elementos do Subagrupamento Bravo na manhã de ontem. Segundo explicou ao Correio da Manhã o comandante do Subagrupamento Bravo, capitão Gonçalo Carvalho, os três detidos, todos de 16 anos, faziam parte de um grupo de dez jovens que conseguiu cortar uma rede e introduzir-se no armazém. No entanto, os ‘invasores’ foram detectados por vigilantes do espaço que alertaram membros do governo – que chamaram a GNR. “Assim que fomos contactados, pelas 10h00, saímos imediatamente para o local com a equipa de operações especiais”, referiu o português. Os militares da GNR transportaram então os detidos para o centro de detenção temporária, guardado pelas tropas australianas mas estas negaram-se a recebê-los, questionando a legitimidade da GNR para proceder às detenções. De acordo com uma fonte oficial, o Governo português decidiu suspender as negociações técnicas no terreno sobre a actuação da GNR e as formas de coordenação com outras polícias e militares australianos. Ontem à noite (madrugada em Díli) decorriam negociações urgentes em Nova Iorque. A mesma fonte confirmou que poderá estar em causa a permanência da GNR em Díli, mas o CM sabe que a indicação oficial emitida para Díli foi a de que tudo seja feito para que a missão prossiga tal como estava delineada. RAMOS-HORTA QUER CHEFIAR GOVERNOO ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa de Timor-Leste, José Ramos-Horta, mostrou-se disponível para suceder a Mari Alkatiri, se o líder da Fretilin deixar de chefiar o governo.“Na hipótese de que o primeiro-ministro resigne, desde que seja feito num quadro constitucional e democrático, obviamente aceitarei qualquer responsabilidade, afirmou Ramos-Horta em declarações à Rádio Renascença.Refira-se que o nome de Ramos-Horta é cada vez mais falado para o cargo de primeiro-ministro, com muitos timorenses a acreditar que seria o único homem capaz de apaziguar os ânimos e pôr termo a esta crise. Aliás, o líder dos militares rebeldes, major Alfredo Reinado, afirmou ontem que está disposto a negociar, mas apenas com o presidente Xanana Gusmão ou com o ministro Ramos-Horta, então com a Igreja Católica. MINISTRO DOWNER IRRITA DÍLICamberra e Díli já estão em rota de colisão. Com efeito, a questão da detenção de suspeitos está a causar tensão entre os governos dos dois países, com a Austrália a defender alterações na legislação de Timor-Leste e as autoridades timorenses a rejeitarem liminarmente tal proposta.O ministro dos Negócios Estrangeiros australiano, Alexander Downer, abriu as hostilidades ao afirmar que o Parlamento timorense “tem de mudar a lei” de modo a permitir que polícias internacionais detenham suspeitos de violência. Ana Pessoa, ministra de Estado e da Administração Estatal, reagiu com indignação: “Ele não conhece a lei em Timor-Leste nem sabe que a lei não se muda assim (...).”As autoridades timorenses insistem que a lei em vigor em Timor já prevê o enquadramento para a detenção e tratamento de suspeitos e salientam que a opção é a de firmar protocolos técnicos .Segundo fontes judiciais, este diferendo deve-se ao facto de o acordo que gere a entrada das forças internacionais em Díli ser vago em alguns aspectos e ainda às diferenças entre o sistema legislativo timorense e o anglo-saxónico.
Correio da Manhã online
Ricardo Marques, enviado especial em Díli, com Lusa
Comentário: É de facto lamentável, que um pequeno país como Timor, com uma jovem Democracia, e que tanto sofreu com a ocupação pela Indonésia, não saiba agora preservar e estimar um bem tão precioso com a Liberdade, envolvendo-se em lutar estéreis, em vez de canalizar todas as forças, para a recuperação e reconstrução do país, que como sabemos apesar de pequeno, até possui excelentes recursos naturais, que podem ajudar no sucesso.
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