Eu estou longe de ser o professor Pasquale. Sou do tipo que comete pequenos erros de português de vez em quando. Por exemplo, essa semana eu discuti com meu pai sobre qual seria o diminutivo de foto: fotinho ou fotinha. Ele insistia na fotinha e eu na outra alternativa. Eu, a princípio, concordei com a sabedoria do meu progenitor. Mas acabo de descobrir que eu estava certa.
Discussões gramaticais à parte, eu vejo com tristeza o quanto as pessoas estão desaprendendo o português a cada dia que passa. Todo dia ouço algo diferente que faz meus ouvidos doerem absurdamente. E não estou me referindo a pessoas que não tiveram oportunidade de estudar em bons colégios, ou sequer de estudar. Estou falando de cidadãos formados.
Minha primeira dor veio quando ouvi a expressão “Por favor, eu quero UMA Guaraná”. Hein? Uma Guaraná? Desde quando Guaraná é uma palavra feminina?
Pouco depois, começaram a espalhar por aí que a palavra “meia” significava “mais ou menos” ou “um pouco”. De uma hora pra outra, eu não parava de ouvir absurdos do tipo “a situação está MEIA confusa”, “eu estou MEIA doente”, “ela sempre foi MEIA complicada”. Que eu saiba, “meia” sempre significou metade: meia laranja, meia dúzia, meia caixa. Ou então aquele produto da indústria têxtil que nós colocamos nos pés antes de calçar os sapatos. Fora isso, não existe nenhum outro significado!
Mas eu não imaginava o que viria em seguida. O telemarketing, um sucesso no mundo dos negócios nos Estados Unidos (onde só tem chato!) se desenvolveu no Brasil. As empresas recrutaram um monte de pessoas que trabalham feito robozinhos, repetindo discursos decorados e insistentes, e não pagaram um tradutor decente para fazer uma versão decente das apostilas em português. Resultado: o futuro do gerúndio.
“Nós vamos estar mandando”, “estar transferindo”, “você pode estar pagando”, “você vai estar podendo estar pensando em estar comprando...”.
Essas coisas soavam em meus neurônios como marretadas. Que coisa horrível! Tive vontade de “estar mandando” todo mundo “estar calando” a maldita boca.
Mas a linguagem do mundo corporativo agora está tomando conta do mundo. Ninguém imprime mais nada. A impressora serve para “printar”. E marcar um horário ou estabelecer um prazo? Não, o negócio agora é SCHEDULAR. Ah, e você tem que BRIFAR determinado cliente.
E, pra piorar, ainda tem o miguxês. Aquela linguagem de Internet usada por pessoas que ixkhrevem axhim puhke axaum ingrahxaduh. Eu prefiro não me estender neste tópico, porque estão nascendo brotoejas na minha pele.
Outro dia eu usei a palavra “supérfluo” durante uma conversa, e muitos ficaram me olhando como se eu estivesse falando um dialeto de outro planeta.
Eu acho que sou meio linha-dura demais. Mas parei de sair com um rapaz porque ele preencheu um cheque assim: “Cento e des reais”.
Tem mais: se falar “estrupo”, eu deixo falando sozinho. Saibam todos que ninguém tem “imbigo”, e sim “umbigo”.
E, pelo amor de Deus: não existe “SEJE”, nem “ESTEJE”. Parem de me agredir desta maneira!
Este é o último aviso. Se insistirem nisso, não me responsabilizarei pelo destino de todos na hora do Juízo Final.
Tenho dito.
Discussões gramaticais à parte, eu vejo com tristeza o quanto as pessoas estão desaprendendo o português a cada dia que passa. Todo dia ouço algo diferente que faz meus ouvidos doerem absurdamente. E não estou me referindo a pessoas que não tiveram oportunidade de estudar em bons colégios, ou sequer de estudar. Estou falando de cidadãos formados.
Minha primeira dor veio quando ouvi a expressão “Por favor, eu quero UMA Guaraná”. Hein? Uma Guaraná? Desde quando Guaraná é uma palavra feminina?
Pouco depois, começaram a espalhar por aí que a palavra “meia” significava “mais ou menos” ou “um pouco”. De uma hora pra outra, eu não parava de ouvir absurdos do tipo “a situação está MEIA confusa”, “eu estou MEIA doente”, “ela sempre foi MEIA complicada”. Que eu saiba, “meia” sempre significou metade: meia laranja, meia dúzia, meia caixa. Ou então aquele produto da indústria têxtil que nós colocamos nos pés antes de calçar os sapatos. Fora isso, não existe nenhum outro significado!
Mas eu não imaginava o que viria em seguida. O telemarketing, um sucesso no mundo dos negócios nos Estados Unidos (onde só tem chato!) se desenvolveu no Brasil. As empresas recrutaram um monte de pessoas que trabalham feito robozinhos, repetindo discursos decorados e insistentes, e não pagaram um tradutor decente para fazer uma versão decente das apostilas em português. Resultado: o futuro do gerúndio.
“Nós vamos estar mandando”, “estar transferindo”, “você pode estar pagando”, “você vai estar podendo estar pensando em estar comprando...”.
Essas coisas soavam em meus neurônios como marretadas. Que coisa horrível! Tive vontade de “estar mandando” todo mundo “estar calando” a maldita boca.
Mas a linguagem do mundo corporativo agora está tomando conta do mundo. Ninguém imprime mais nada. A impressora serve para “printar”. E marcar um horário ou estabelecer um prazo? Não, o negócio agora é SCHEDULAR. Ah, e você tem que BRIFAR determinado cliente.
E, pra piorar, ainda tem o miguxês. Aquela linguagem de Internet usada por pessoas que ixkhrevem axhim puhke axaum ingrahxaduh. Eu prefiro não me estender neste tópico, porque estão nascendo brotoejas na minha pele.
Outro dia eu usei a palavra “supérfluo” durante uma conversa, e muitos ficaram me olhando como se eu estivesse falando um dialeto de outro planeta.
Eu acho que sou meio linha-dura demais. Mas parei de sair com um rapaz porque ele preencheu um cheque assim: “Cento e des reais”.
Tem mais: se falar “estrupo”, eu deixo falando sozinho. Saibam todos que ninguém tem “imbigo”, e sim “umbigo”.
E, pelo amor de Deus: não existe “SEJE”, nem “ESTEJE”. Parem de me agredir desta maneira!
Este é o último aviso. Se insistirem nisso, não me responsabilizarei pelo destino de todos na hora do Juízo Final.
Tenho dito.
Comentários
Com a Internet e os telemóveis [celulares..] apareceu neologismos [palavras novas] que no Brasil são uma adaptação de como se lê em inglês, enquanto que em Portugal aplica-se a própria palavra em inglês [marketing, por exemplo]..
Também considero o português do Brasil uma evolução do português de Portugal.. Tem mais, fotinho, ficaram me olhando, entre outras palavras não se aplica por cá..
Não concordo é com erros gramaticais ou exkrever axim..
Fica aqui um site de dúvidas para palavras em português [de Portugal e do Brasil..]: www.ciberduvidas.sapo.pt
Hoje os jovens usam o dicionário orkutiano e ninguém entende nada. Você tem razão estão assassinando o nosso português, também leio cada uma que me deixa passada! Beijos e bom fim de semana rsr
sabiam que a palavra "fixe" e "bué" já aparecem nos novos dicionários? eehe.
A internet criou novos termos, um que usamos para definir gargalhada é : LOL , do inglês : lots of laughts..
Na net, quando querem dizer asneiras, abreviam, por vezes, exemplo :
fdx
lol