(Andréa Nascimento)
Acordo cedo, ainda é noite
Saio de casa com dinheiro
Apenas pra ir e pra voltar.
Meu corpo todo, ronca de fome,
Fome de comida e de trabalho,
De poder ter dignidade
E, de poder olhar com coragem,
Para meus filhos que minguam.
Para minha esposa que sofre.
Para minha imagem no espelho.
Bato, de porta em porta,
Mendigante, pedinte.
Só peço o que me é de direito
Uma chance, uma oprtunidade.
Mas, escuto que eu não sirvo e
Não preencho um tal de requisito!
Que porcaria de nome estranho
Que patrão mais do esquisito!
"- Estamos passando por problemas Em toda nossa economia"
E eu, me pego ouvindo
Coisas que eu nem sabia:
Que a comida que eu nem vejo
É que faz subir uma tal de inflação.
Sobe um dolar, um tal de euro
Parece até balão de São João!
Eu só queria trabalhar, moço!
Não vim ter aula de economês.
Preciso levar algum pra casa
Faço qualquer coisa procês!
Não tem nada, qualquer serviço,
Um jardim pra eu plantar,
Um pincel e uma tinta,
E uma parede pra retorcar?
Se precisarem, recolho o lixo
E, se permitirem, vejo o que posso levar.
Tenho familia, moço, com fome,
São várias bocas pra eu alimentar!
" - Não, desculpe, não temos vaga!s"
Frase cruel e descabida,
Que me tira a esperança
Nessa droga de vida!
Mas sou um homem de sorte.
Chego em casa, venci a morte em vida
De mais um dia sendo tratado como cão sem dono.
Minhas crianças, ainda, sabem sorrir,
Minha mulher, companheira fiel,
Me diz que tudo vai melhorar.
Que Deus olha por seus filhos.
E, como sou um deles,
Ele não vai me abandonar!
Amanhã saio de novo
Em busca de uma solução
Em busca de uma porta aberta
Quem sabe, no seu coração!
Um comentário:
.....Andrea, felicito-a pelo conjunto de post's publicado hoje, todos com muito sentido de oportunidade.....
Beijinhos e boa semana
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