Se posso gastar, para que poupar?

Quem achou que minha vida estava hilária e deu gargalhadas, não sabe da missa a metade. E, diria sem medo de errar, nem queiram saber! Porque é muito engraçado esse diálogo de loucos, eu tentando falar inglês, eles falando em chinês, eu rindo e melhorando cada vez mais a minha habilidade em fazer mímicas e descobrir que os tigres asiáticos além de espertos são desconfiados. Sim, sou medida da cabeça aos pés, cada movimento é analisado e parece que estão se preparando para me dar um bote! Será que ando vendo muito filme de Jack Chan?

Mas, não, o lance da desconfiança existe. Se falo algo, eles dão um jeito de checar. Se escrevo, eles dão um jeito de ler. Coloquei meu caderno e duas canetas na gaveta e esta amanheceu mexida. Legal, será que pensam que sou uma espiã, contratada pelos Ocidentais, que irá roubar a tecnologia oriental deles? Porque, até agora, a única tecnologia que pude sentir, e de forma nada agradável, foi que eles vieram lotados de gás... natural! O que eles não poupam em dinheiro para investir, não o fazem, também, com relação aos gases. Como, por exemplo, em liberar os gases que existem internamente! Chega de educação e floreios, vou no popular: parece concurso de pum! E eu devo ter sido escolhida para jurada ou para ver quem me mata primeiro a fim de ser eleito "o pum do ano"!

Peraí, gente!!! Eu não sou verde não! Nem trouxe meu equipamento anti-terrorismo, como máscara anti-gás, essas coisas! Dava pra guardar a alma do feijão e deixar a pobre subir aos céus em casa, no particular e real gabinete de leitura, ou lugar parecido? Tem que ser em público, em alto e bom som e sem a menor cerimônia? Já que são da teoria do economizar pra quê, eu vou apelar, quero um salário à título de insalubridade! Por favor, tenham dó! Eles andam na maior tranquilodade com aquela cara de " - Alguém se largaram, não sei quem fui!" e eu, tendo que me fazer de sonsa, ficando tonta e naquele tom verde acinzentado, que não combina com essa minha classe e esse meu charme típico de mulher brasileira, fina, polida, educada e criada na Suiça de Niterói!

Tudo bem, já sei, eu tenho que ser otimista. Vou brincar de Pollyhienna! Já aprendi umas palavras, estou conhecendo uma nova cultura e, agora, vendo com olhos de empreendedora, pretendo começar meu próprio negócio. Como vocês podem ver, nem tudo está perdido, nem tudo tem um lado só negativo! Trouxe diversas garrafas de casa e vou engarrafar os ares e odores vindos diretos da China, made in Taiwan, com passaporte e carimbo para mostrar a autenticidade. E depois, posso vender, quem sabe, para espantar visitas indesejadas, macumbas, ou, dependendo do tipo de comida, se houve prévia ingestão de álcool, poderei vender como combustível que não atinge a camada de ozônio e não destrói a natureza. E, de brinde, pregadores de roupa para serem usados no nariz com as bandeiras dos dois países! Não é o must!

Isso, claro, se eu sobreviver a mais um dia de Xon, Ping, Pong, Ling, Hai, Nai, Miojo, Carona Kombi, Xon, Nom, Liu, Piú, Carandirú e, claro, ao odor de rosas... podres que paira pelo ar. E ainda me disseram que eu estava mudando de ares e com essa mudança eu teria sorte! Se eu não morrer antes intoxicada, pode até ser!

" - Tofuemalpaga!!!!!! Kerofugi!!!! Kerovolta praminha Kasinha!!!!" - tradução - " - SOCORRO!!!"

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