Vizinhança, assim como o pênalti em final de Copa do Mundo, é loteria. Eu sempre defendi a idéia de que, ao comprar um imóvel, o novo proprietário deveria ter plenos direitos de sair entrevistando todos os vizinhos mais próximos, inclusive vasculhando a casa deles, para saber exatamente onde está se metendo.
Imagine comprar o apartamento dos seus sonhos e, na estréia de seu tão sonhado novo lar, descobrir que seu vizinho tem um filho adolescente que ensaia bateria todas as tardes. Ou, o que é pior, guitarra. Ou, atingindo os níveis de tortura iraquianos, violino.
E se a sua vizinha desfruta dos prazeres indescritíveis da maternidade, e você passa o dia ouvindo todas as traquinagens dos pimpolhos, andando de triciclo, jogando bola na sala, quebrando coisas na parede? E eles ainda acham engraçado tocar a sua campainha e sair correndo!
Bem, meus caros, eu também enfrento problemas desta natureza. Quando mudei-me para a casa onde moro, no início dos anos 90, morava na residência ao lado uma família de japoneses bem tradicional. Do tipo educadíssimos, que falam baixo. E que devem ter corrido da gente, porque a italianada lá não é fácil.
Bem, eis que um casal compra a casa por um determinado valor. E gasta valor semelhante para reformar a casa inteirinha. Ele demoliu a casa toda por dentro e refez tudo. Isso significa que nós, pobres vítimas, passamos mais de um ano acordando lá pelas 6h da manhã - inclusive aos sábados - com os pedreiros demolindo paredes, serrando coisas, e mais todos os procedimentos típicos de uma obra.
Além do resultado final ter ficado horrível e brega, ele subiu todas as paredes possíveis e colocou telhado em tudo quanto é lugar. O quintal, que era aberto, ganhou um muro gigantesco e uam cobertura. Não bate um raio de sol lá dentro, não sei como ela seca a roupa. Aliás, não bate sol em lugar algum, nem nos quartos, nem na sala, nem na cozinha, quintal ou banheiros. Está tudo fechado, lacrado.
Ficamos pensando se aquilo seria um mausoléu ou um cativeiro. Ou se eles são vampiros. Até hoje, não obtivemos resposta. Acreditamos que o casal faz experiências macabras envolvendo corpos humanos. Até mesmo a empregada deles foi especialmente contratada para manter o mistério: ela não consegue falar nada que tenha alguma relação com idiomas praticados neste planeta. Quando ela vai limpar o terraço - que tem grades - ela grunhe qualquer coisa aos berros.
Nunca consegui entender o que ela diz. O que me faz pensar que ela também possa ser o resultado de uma experiência. Eles montaram uma espécie de Frankstein faxineira, com pedaços de cadáveres, e assim ela anda pela casa falando "Anhããgauasnhiiii".
O que mais torna a situação suspeita é o carro do casal. Eu até agora não descobri qual a marca daquele veículo, mas sei que é de cor azul calcinha. Para mim, todo mundo que tem carro azul calcinha é suspeito de alguma coisa, deveria ao menos ser levado para a delegacia para averiguações.
E o que é pior: em todas as datas que envolvem confraternizações familiares (Natal, Dia das Mães ou Dia dos Pais), chega um ônibus fretado na porta e desce uma horda de vândalos, que fazem qualquer show de heavy metal parecer uma cerimônia budista. No último Natal, nos sentimos como se estivéssemos no meio de um bombardeio em Faluja, tamanha a berraria e barulho de coisas quebrando lá dentro.
Eu devo parar por aqui, pois não posso contar que, ainda por cima, à noite eu escuto o casal transando e dando totó com a cama na parede. Deixemos isso pra lá. O bom de tudo é que a minha terapeuta dá desconto...
Imagine comprar o apartamento dos seus sonhos e, na estréia de seu tão sonhado novo lar, descobrir que seu vizinho tem um filho adolescente que ensaia bateria todas as tardes. Ou, o que é pior, guitarra. Ou, atingindo os níveis de tortura iraquianos, violino.
E se a sua vizinha desfruta dos prazeres indescritíveis da maternidade, e você passa o dia ouvindo todas as traquinagens dos pimpolhos, andando de triciclo, jogando bola na sala, quebrando coisas na parede? E eles ainda acham engraçado tocar a sua campainha e sair correndo!
Bem, meus caros, eu também enfrento problemas desta natureza. Quando mudei-me para a casa onde moro, no início dos anos 90, morava na residência ao lado uma família de japoneses bem tradicional. Do tipo educadíssimos, que falam baixo. E que devem ter corrido da gente, porque a italianada lá não é fácil.
Bem, eis que um casal compra a casa por um determinado valor. E gasta valor semelhante para reformar a casa inteirinha. Ele demoliu a casa toda por dentro e refez tudo. Isso significa que nós, pobres vítimas, passamos mais de um ano acordando lá pelas 6h da manhã - inclusive aos sábados - com os pedreiros demolindo paredes, serrando coisas, e mais todos os procedimentos típicos de uma obra.
Além do resultado final ter ficado horrível e brega, ele subiu todas as paredes possíveis e colocou telhado em tudo quanto é lugar. O quintal, que era aberto, ganhou um muro gigantesco e uam cobertura. Não bate um raio de sol lá dentro, não sei como ela seca a roupa. Aliás, não bate sol em lugar algum, nem nos quartos, nem na sala, nem na cozinha, quintal ou banheiros. Está tudo fechado, lacrado.
Ficamos pensando se aquilo seria um mausoléu ou um cativeiro. Ou se eles são vampiros. Até hoje, não obtivemos resposta. Acreditamos que o casal faz experiências macabras envolvendo corpos humanos. Até mesmo a empregada deles foi especialmente contratada para manter o mistério: ela não consegue falar nada que tenha alguma relação com idiomas praticados neste planeta. Quando ela vai limpar o terraço - que tem grades - ela grunhe qualquer coisa aos berros.
Nunca consegui entender o que ela diz. O que me faz pensar que ela também possa ser o resultado de uma experiência. Eles montaram uma espécie de Frankstein faxineira, com pedaços de cadáveres, e assim ela anda pela casa falando "Anhããgauasnhiiii".
O que mais torna a situação suspeita é o carro do casal. Eu até agora não descobri qual a marca daquele veículo, mas sei que é de cor azul calcinha. Para mim, todo mundo que tem carro azul calcinha é suspeito de alguma coisa, deveria ao menos ser levado para a delegacia para averiguações.
E o que é pior: em todas as datas que envolvem confraternizações familiares (Natal, Dia das Mães ou Dia dos Pais), chega um ônibus fretado na porta e desce uma horda de vândalos, que fazem qualquer show de heavy metal parecer uma cerimônia budista. No último Natal, nos sentimos como se estivéssemos no meio de um bombardeio em Faluja, tamanha a berraria e barulho de coisas quebrando lá dentro.
Eu devo parar por aqui, pois não posso contar que, ainda por cima, à noite eu escuto o casal transando e dando totó com a cama na parede. Deixemos isso pra lá. O bom de tudo é que a minha terapeuta dá desconto...
Comentários
[pode não ser igual, mas no Brasil deve ser semelhante..]
Uma pessoa para alterar a fachada [exterior de um edificio], quer seja alçado frontal [a frente], tardoz [a traseira] ou laterais tem de obter a aprovação de 60 por cento dos condóminos [os proprietários de todos os apartamentos do edifício].. Se nao tiver esta aprovação não pode fazer alterações e se já as tiver feito pode ser obrigado a refazer a fachada como estava..
E as alterações no exterior de um edifício têm sempre que ser aprovadas pelas camaras municipais [julgo que sao as prefeituras no Brasil], nem que seja apenas fechar uma varanda..
Por esses motivos [barulhos, etc], se tiver que comprar um apartamento será no ultimo piso.. só vizinhos do lado serão mais audíveis.. os de baixo se fizerem mesmo muito barulho.. organizo uma grande festa pela noite dentro...
O som, além de transmitir pelo ar também se transmite [e muito] pela vibração dos materiais, neste caso o pavimento, logo o som é muito mais audivel vindo de um apartamento de cima do que vindo de um apartamento de baixo..
Deve ser realmente estranho e incômodo conviver com vizinhos assim...Ai! Eu tenho uma parecida..mas não tanto! Mas, o maior defeito dos meus é darem o meu endereço, e não o deles! Melhorou, agora que falei,
Mas os seus são demais estranhos!!
tadinha de você!
BEIJÃO
da
SELMA