PN - Exilada em Cuba desde os anos 1980, ativista marxista-leninista foi referência internacional de resistência e inspiração para gerações de movimentos sociais. Assata Shakur, nascida Joanne Deborah Chesimard, morreu nesta quinta-feira (25), em Havana, aos 78 anos.
Militante marxista-leninista, integrante do Exército de Libertação Negra (BLA) — organização comunista que surgiu de uma cisão do Partido dos Panteras Negras —, ela se tornou um dos nomes mais emblemáticos da luta contra o racismo estrutural e o imperialismo norte-americano.
Exilada em Cuba desde 1984, Shakur foi recebida com asilo político pelo então líder Fidel Castro, após ter escapado de uma prisão de segurança máxima em Nova Jersey, onde cumpria pena de prisão perpétua. Para seus apoiadores, ela era um símbolo de resistência; para o governo dos Estados Unidos, uma “terrorista procurada”, alvo de perseguição até seus últimos dias.
Na ilha, viveu como professora, escritora e intelectual engajada. Em 1987, lançou sua autobiografia, Assata, que se tornou referência para gerações de militantes.
Do cárcere à fuga espetacular
Em 1977, Shakur foi condenada por homicídio em primeiro grau pela morte de um policial durante um tiroteio em Nova Jersey. Ela sempre sustentou sua inocência, afirmando que estava com as mãos para o alto no momento em que ele foi baleado.
Apesar dos questionamentos sobre o processo, um júri formado exclusivamente por brancos a condenou em 1977 por homicídio e agressão, impondo-lhe prisão perpétua mais 33 anos.
Dois anos depois, em uma operação cuidadosamente planejada, militantes do BLA entraram na prisão disfarçados de visitantes e conseguiram retirá-la. O episódio transformou Shakur em uma figura mítica entre movimentos revolucionários, especialmente pela ousadia e pelo enfrentamento direto ao Estado norte-americano.
Comunista, negra e mulher: um símbolo contra múltiplas opressões
A trajetória de Shakur está profundamente vinculada à ideologia marxista-leninista. Para Shakur, o racismo nos EUA não poderia ser combatido isoladamente: era parte da engrenagem capitalista e colonial. Essa visão fez dela uma das militantes comunistas mais conhecidas da luta negra norte-americana. Em sua autobiografia, publicada em 1988, escreveu:
“É nosso dever lutar pela nossa liberdade. É nosso dever vencer. Devemos amar uns aos outros e apoiar uns aos outros. Não temos nada a perder além das nossas correntes.”
Sua imagem atravessou fronteiras e décadas. Nos anos 1990 e 2000, rappers como Public Enemy e Common dedicaram músicas a ela. Mais tarde, militantes do Black Lives Matter retomaram suas palavras e sua trajetória como inspiração na luta contra a violência policial. Essa combinação entre militância comunista, identidade negra e resistência feminina fez de Shakur uma referência para movimentos contemporâneos.
Influência e legado.
Mesmo em Havana, Shakur manteve presença simbólica nas lutas sociais. Seu nome e suas palavras eram constantemente lembrados em protestos e manifestos por justiça racial nos EUA. A ligação com a família do rapper Tupac Shakur ampliou ainda mais seu alcance cultural e político.
Sua imagem dividia opiniões: enquanto setores conservadores a viam como criminosa perigosa, militantes a celebravam como heroína da luta antirracista e comunista perseguida pelo imperialismo.
Ao assumir o nome Assata Olugbala Shakur — que combina referências ao árabe e ao iorubá, significando “a que luta” e “salvadora” —, ela afirmava recusar o que chamava de “nome de escrava” e reivindicava sua identidade como mulher negra, comunista e livre.
“Se devo lealdade a algo, é aos meus ancestrais. Quero poder dizer que tentei, que lutei para estar de pé neste mundo com dignidade”, declarou em entrevista ainda nos anos 1980.
A marca da tensão entre EUA e Cuba
A presença de Assata Shakur em Cuba foi motivo recorrente de atrito diplomático. O FBI a colocou na lista de “terroristas mais procurados” e ofereceu recompensa milionária por sua captura. Em 2017, o então presidente Donald Trump chegou a exigir sua extradição como condição para o avanço nas negociações com Havana.
Cuba, por sua vez, sempre defendeu seu asilo político, reconhecendo-a como vítima de perseguição racial e política.
Um legado de luta
Assata Shakur deixa um legado que transcende fronteiras. Militante comunista, mulher negra e símbolo internacional de resistência, sua vida foi marcada pela busca de justiça social e pela denúncia das múltiplas formas de opressão.
Sua morte em Cuba encerra uma trajetória de exílio, mas sua memória segue viva nas ruas, nos livros e nos movimentos que continuam a repetir seu grito: “Nada a perder além das nossas correntes.”
Do Harlem a Havana, da prisão perpétua ao exílio, Assata Shakur permanece como emblema de um combate que transcendeu fronteiras: o de enfrentar racismo, exploração e injustiça a partir de uma perspectiva marxista-leninista, feminista e anticolonial.
Com informações Portal Vermelho
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