Ajuda à Etiópia foi desviada para compra de armas, revela BBC


Max Peberdy (centro) afirma que o dinheiro foi para uma causa justa, mas Gebremedhin Araya (esquerda) era um rebelde disfarçado de comerciante

Martin Plaut
Editor para África do Serviço Mundial da BBC

Soldados de grupos rebeldes disseram ter atuado como comerciantes de grãos e alimentos, para enganar representantes de organizações de ajuda.
Documentos da CIA, o serviço de inteligência americano, confirmam que a ajuda “quase certamente foi desviada para fins militares”.
Cerca de um milhão de pessoas morreram em decorrência da seca que destruiu as colheitas no país do leste africano. Milhões de pessoas, no entanto, foram salvas com a chegada da ajuda ocidental, mas boa parte desta ajuda teria sido desviada.
Imagens de vítimas da fome no país circularam através do mundo, e motivaram a realização de uma campanha mundial, o Band Aid, liderada pelo músico irlandês Bob Geldof e que culminou na realização do megaconcerto Live Aid, em 1984.
A Etiópia não apenas lutava contra a fome, mas também contra rebeliões nas províncias de Eritréia e Tigré, no norte do país. O governo não tinha controle sobre boa parte das áreas rurais, portanto, as agências internacionais trouxeram ajuda diretamente, do vizinho Sudão.
Parte desta ajuda foi entregue em alimentos, parte em dinheiro, para a compra de grãos de fazendeiros etíopes das áreas onde ainda havia comida.
Rebeldes disfarçados
A fotografia acima mostra uma dessas negociações de compra perto da fronteira, em 1984. No centro está Max Peberdy, funcionário da ONG Christian Aid, que carregava cerca de US$ 500 mil em moeda etíope.
Em seu trajeto, Peberdy foi escoltado por cerca de 50 milicianos do movimento rebelde Frente de Libertação dos Povos Tigrínios (TPLF, na sigla em inglês).


Um milhão de pessoas morreram durante a fome na Etiópia, nos anos 80


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